Curiosidades

A praça e o preconceito social

A Praça João Pessoa, antiga Comendador Felizardo, durante décadas, correspondeu ao Jardim Público da capital construído por etapas entre 1879 e 1881. O Jardim era cercado por gradis de ferro. Somente a alta sociedade podia cruzar um dos quatro portões trancados a chave por um zelador.
No início do século XX já eram freqüentes as retretas no local e a platéia era dividida por classes sociais. A alta sociedade ficava em círculos ao redor do coreto, os funcionários públicos (representando a classe média) vinham em seguida e, por último, os estudantes. O povo ficava do lado de fora das grades de ferro.
Em 1921 a praça foi palco de uma tragédia que resultou na morte de dois jovens, alunos da Escola Normal e do Lyceu Paraibano. Na primeira, só estudavam meninas. Os alunos dos dois colégios não podiam se encontrar. Para um maior controle, foi estabelecida a "linha da decência", uma invenção do diretor do Lyceu, o Monsenhor Milanez. Ninguém podia atravessá-la sob pena de sofrer punições.
Ágaba Medeiros e Sady Cabral, estudantes, começaram um relacionamento. O rapaz atravessou a linha imaginária e recebeu um alerta para não repetir o ato. Reincidente, Sady iniciou uma discussão com o policial responsável pela "manutenção da ordem" na Escola Normal, que acabou disparando um tiro fatal no estudante. Deprimida, Ágaba se suicidou cerca de dez dias depois. O incidente provocou a queda do diretor do Lyceu e quase resultou na deposição do prefeito da capital, Solon de Lucena.
Na administração de João Pessoa (1928 -1930) as grades foram retiradas e a praça passou a ser freqüentada por um grande público.

 

Padre Manoel de Moraes - um duplo desertor

O jesuíta paulista era grande conhecedor da língua dos indígenas, revelando-se posteriormente autor de um Dicionário da Língua Tupi. Durante a invasão da capitania da Paraíba pelos holandeses em 1634, ele treinava as milícias indígenas da resistência, a quem ensinou as técnicas da guerra de guerrilhas. Aproveitou a rendição da Paraíba para aderir à causa dos holandeses. Foi enviado para o Recife e habituou-se rapidamente ao estilo de vida holandês, renunciando sua fé católica e tornando-se um pregador luterano. Depois, foi morar em Amsterdam onde "casou com a jovem Anna Smits, uma das mais belas jovens da cidade de Leiden, que fôra enfeitiçada pelo seu charme de mulato brasileiro".
Apesar de famoso pelas pregações contra o catolicismo arrependeu-se, solicitou e conseguiu a absolvição papal. Abandonou tudo na Holanda e voltou à sua terra a fim de explorar o corte do pau-brasil em Pernambuco com autorização dos invasores. Preso pelos dirigentes da Insurreição Pernambucana, intercedeu a João Fernandes Veira para ser perdoado e abraçou novamente a causa, tendo participado ativamente de várias batalhas até a derrota final dos holandeses.
Posteriormente foi preso pela Inquisição e enviado a Lisboa, onde respondeu o processo cujo teor foi publicado na Revista do Instituto Histórico Brasileiro, v. LXX, Rio de Janeiro 1908. (extraído do Diário de Pernambuco, edição de 18-08-2003)

 

A primeira rádio difusora

A primeira estação de rádio da cidade surgiu entre 1930 e 1931, com transmissor de 10 watts montado artesanalmente por José Monteiro e Jaime Seixas, ambos rádio-técnicos e grandes sonhadores. A Rádio Clube da Paraíba, instalada à Rua Gouveia Nóbrega, perto da Bica, funcionou como uma sociedade onde seus membros contribuíam financeiramente para sua manutenção. Com um ano de fundação já contava com mais de 200 sócios, os quais podiam levar os discos para serem tocados na emissora. Em dezembro de 1932 tornou-se pioneira na radiodifusão nacional ao apresentar aulas de inglês pelo rádio, graças aos irmãos Oliver e Geraldo von Sohsten, educados na Inglaterra. A experiência foi bem recebida pela população.
Em janeiro de 1937, o governo Argemiro de Figueiredo recebeu, sem ônus para o estado, todo o patrimônio da Rádio Clube e iniciou investimentos para dinamiza-la. Chamou-se, então, Estação Radio-Diffusôra da Parahyba, depois Rádio Tabajara da Paraíba e, finalmente, Rádio Tabajara. (
Matéria extraída do trabalho apresentado por Moacir Barbosa de Sousa (UFPB) no XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação em Belo Horizonte, set/2003.

 

Santos Coelho - um exemplo de dignidade e espírito público

João dos Santos Coelho Filho foi advogado e procurador fiscal. Um fato sempre lembrado em sua vida foi quando o Governador Flávio Ribeiro Coutinho, em 1957, escolheu-o para ocupar uma vaga de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado e Santos Coelho agradeceu o convite, invocando que estava prestes a se aposentar e argumentou (em carta de 15-04-57) que, se fosse nomeado desembargador, sua aposentadoria iria dar prejuízo ao Estado porque seus proventos seriam bem superiores ao seu cargo de Procurador Fiscal. Seu ponto de vista exposto ao Governador era que passara toda sua vida funcional lutando pela defesa do Erário, razão por que se excusava desse “golpe baixo contra o Tesouro”. Essa atitude ética causou espanto em toda a cidade. Após sua aposentadoria, em 1966, Santos Coelho trabalhou gratuitamente durante 10 anos como consultor da procuradoria fiscal do estado até ser forçado a assinar um contrato de prestação de serviços. (extraído de texto do historiador Luiz Hugo Guimarães)

A penitência do capitão-mor

Na entrada da Igreja de São Francisco, na soleira da porta, há uma lápide do túmulo de um antigo Capitão-Mor onde, até os anos 1970, ainda se podia ler com certa clareza: “Aqui jaz Pedro Monteiro de Macedo, que, por ter governado mal esta Capitania, quer que todos o pisem e a todos pede hum Padre Nosso e Ave Maria, pelo amor de Deus. (1744)”

 

O Barão do Abiaí e a arte da política

Silvino Elvídio Carneiro da Cunha nasceu na Parahyba e bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Olinda em 1853. Foi Presidente das províncias do Maranhão, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Sergipe. Titulado como Comendador da Imperial Ordem da Rosa e Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial, o Dr. Silvino Elvídio era, em suma, um monarquista por excelência! por isso mesmo agraciado pela Princesa Isabel, em 1888, com o título de Barão do Abiaí.
Ocorre que, em junho de 1889, o Conde d'Eu, Príncipe Consorte, ao passar pela Paraíba, num périplo para fortalecer o monarquismo nas províncias do norte, foi recepcionado pelo Barão do Abiaí, então Presidente da Província, que sentenciou “Ainda que todo o Brasil se transforme em República a Paraíba permanecerá fiel à monarquia...”, conforme cita o historiador Humberto Mello (Anais do Ciclo de Debates do IHGP/abril/2000). Alguns meses depois, instalada a República, entre os 5 membros da primeira Junta Governativa da Paraíba estava o nosso Barão do Abiaí.

 

A bica dos milagres e o franciscano ciumento

No início do século XIX o abastecimento d'água da cidade provinha, ainda, de cacimbas, bicas e fontes. Entre essas, a bica dos Milagres, ainda hoje existente (emparedada) na Rua Augusto Simões, antigo Beco dos Milagres. Em 1801 o frei José de Jesus Maria Lopes, franciscano, cometeu um crime que abalou a sociedade local. O frade, terrivelmente ciumento, tinha um caso com a mestiça Tereza que aceitou seu convite para um banho, à meia-noite, na fonte dos Milagres. Lá, com a ajuda de um escravo do convento e um serviçal indígena, enfiou um pedaço de madeira na genitália da pobre Tereza, traspassando-a. Os comparsas do frade terminaram seus dias na cadeia. O frade foi condenado à prisão perpétua no Convento da Bahia. (extraído do livro "Cidade de João Pessoa - A memória do tempo" de Wellington Aguiar, 1992)

 

Teatro Santa Roza - a tragédia de Jau Balabrega

No dia 12 de junho de 1900, uma tragédia abalou a cidade: a morte do mágico sueco Jau Balabrega e do seu assistente, Lui Bartelle. Na ocasião, os artistas ensaiavam nuances luminosas para a famosa "Dança das Serpentinas", a ser apresentada na noite daquele fatídico dia. O projetor movido a querosene, em precário estado, explodiu no colo de Balabrega, matando-o instantaneamente junto com seu assistente. O estrondo foi estarrecedor... as ondas de choque estraçalharam a região toráxica de Balabrega e a cabeça de Bartelle. O palco do teatro, que até então abrigara tantos sonhos, canções e dramatizações, teve as paredes e cortinas banhadas de sangue. Uma cena macabra. O pânico instalou-se no recinto devido à forma brutal como tudo aconteceu. Os fragmentos do corpo de Balabrega (o mais atingido) parecendo uma massa disforme, impregnaram o palco e até algumas filas da plateia. Sabe-se que vísceras chegaram a atingir pessoas que assistiam ao ensaio geral. O fato foi notícia nacional.

Texto extraído da matéria de 01/11/2009 do jornal "A União", disponível em
https://www.auniao.pb.gov.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=29983&Itemid=74

 

Na Ilha de Tiriri a primeira fábrica de cimento do Brasil

O cimento de Tiriri foi descoberto por um feliz acaso. Em 1890 o português Antônio Varandas de Carvalho andava pela ilha acompanhado de um inglês. Ao pararem para repousar, notaram que a lama acumulada nos varapaus em que se apoiavam para vadear os mangues secava com certa rapidez, obtendo consistência de argamassa. Ali, em 1892, funcionou a primeira fábrica produtora de cimento da América Latina, 4 anos após a tentativa frustrada de implantação de uma fábrica em Sorocaba/SP, conforme registra a Associação Brasileira de Cimento Portland. A administração da fábrica, algum tempo depois, enfrentou problemas com o governo da província, culminando com o seu fechamento e gerando uma contenda levada aos tribunais. Pesquisas posteriores revelaram em Tiriri um imenso veio de pedra calcária de boa qualidade.
A ilha, situada no Rio Sanhauá, a 8 Km do centro de João Pessoa, atualmente pertence ao município de Santa Rita e mantém uma paisagem semelhante ao que viram os colonizadores no século XVI. Seus poucos habitantes utilizam canoas de madeira na pesca artesanal e não têm energia elétrica.

 

Amaro Joaquim - entre a justiça e a diplomacia

Em 1806 governava a Paraíba o Capitão-Mor Amaro Joaquim, que também era Comendador da Ordem de Cristo. Naquela época arruaceiros costumavam perturbar a ordem pública, à noite, com os rostos cobertos por lenços. O mestiço Nogueira, filho de uma mulata com um dos homens importantes da Província, era conhecido por raptar donzelas e matar, friamente, quem reagisse a seus atos. Certo dia o mulato foi preso. O governador pretendia fazê-lo executar, mas percebendo as dificuldades criadas pela família, que intercedia, mandou que o açoitassem. Nogueira protestou afirmando que era "meio-fidalgo" e tal punição não poderia ser aplicada. O Governador então ordenou que só lhe fosse surrado um lado do corpo, para que o lado fidalgo não sofresse, devendo Nogueira indicar qual era o seu costado aristocrático. Assim castigado, depois de haver permanecido muito tempo na prisão, foi desterrado, por toda a vida, para Angola. (O fato é narrado pelo historiador Henry Koster no livro Viagem ao Nordeste do Brasil)

 

A cidade e a primeira sessão de cinema

O primeiro aparelho de cinema, o cinematógrafo, foi apresentado à cidade por Nicola Maria Parente, em agosto de 1897, para abrilhantar a tradicional Festa das Neves. Com a máquina trazida de Paris ele trouxe alguns filmes (mudos) de pequena duração, entre eles: “Um macaco pulando um arco”, “Chegada de um trem à estação de Lion”, e “Crianças jogando bolas de neve em Biarritz”. Entretanto, a primeira sala de cinema somente foi montada algum tempo depois por Manoel Garcia de Castro e chamava-se “Cine PATHÉ”, montado na Rua Duque de Caxias. Em 1911 os italianos Rattacazzo e Cozza instalaram no Ponto de Cem Réis o Cine Rio Branco. Depois dos italianos, o dinamarquês Einer Svendsen também se tornou um exibidor de filmes. O cinema falado só chegou aqui em 1932, por iniciativa de Alberto Leal que instalou no Teatro Santa Roza o primeiro Vitafone Movietone. O filme inaugural foi “O Tenente Sedutor”, com Maurice Chevalier.

 

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